O ambiente escolar vem passando por modificações significativas nas últimas décadas, visando proporcionar ao estudante ferramentas que o auxiliem no processo de ensino e aprendizagem. Como afirma o autor Seymour Papert no livro “A Máquina das Crianças: repensando a escola na era da informática”, quando o estudante constrói algo concreto, sua aprendizagem é facilitada e aprimorada, seja pela produção de uma maquete ou pela programação em um computador. Ele é um dos precursores da ideia de que o meio pode ajudar o indivíduo a construir saberes, principalmente por meio de recursos tecnológicos.
Nesse contexto, destaca-se a robótica educacional, que representa a conexão não apenas de peças de montagem, mas das diversas áreas do conhecimento em todos os seus âmbitos. Muito mais do que um momento em que o estudante irá “brincar” com os famosos blocos de construção coloridos, na aula de robótica ele age sobre o objeto e o meio em uma interação marcada por trocas recíprocas também com o seu semelhante, visto que todo trabalho é desenvolvido em grupos.
Ao participar das aulas de robótica educacional, os estudantes constroem mecanismos que simulam elementos do cotidiano, analisam sua montagem e planejam uma programação no computador a fim de dar ao objeto os movimentos desejados. Todo esse processo possibilita a compreensão de conceitos abstratos que vão se tornando concretos na medida em que os desafios vão sendo superados.
A robótica educacional conecta ainda os conhecimentos já adquiridos pelos estudantes nas aulas de ciências, matemática, geografia, história e artes, partindo para a solução de uma situação-problema por meio da sinergia de ações dos integrantes do grupo. Não se trata apenas de uma aula “diferente”, mas de uma ferramenta que permite planejamento, construção, avaliação e ainda possibilita o processo criativo, o raciocínio lógico e a interdisciplinaridade em diferentes áreas do saber, além de contribuir para o desenvolvimento de habilidades como autonomia, criatividade e responsabilidade.
Essa não é uma novidade que logo passará; em vez disso, trata-se de uma inovação tecnológica a serviço da educação que veio para ficar. Trabalhar com situações-problema que desafiem seus estudantes e os façam refletir, analisar, repensar, reorganizar seus pensamentos, criticar, readaptar e, acima de tudo, buscar soluções para cada obstáculo apresentado é um dos caminhos propostos por essa nova forma de ver e fazer educação. Sendo assim, a escola que se propõe a estabelecer um novo rumo para a educação precisa perceber a importância de inserir em seu contexto educacional novas ferramentas que auxiliem a construção do aprendizado e proporcionem a interação entre o sujeito e o objeto.
Após mais de 10 anos de experiência no assunto, podemos afirmar que a robótica educacional ofertada pelo Colégio Batista Mineiro tem gerado grandes resultados tanto para os professores que se envolvem no projeto quanto para os estudantes que se engajam na utilização dessa ferramenta. Isso ressalta a funcionalidade da metodologia como uma excelente oportunidade de proporcionar ao estudante os recursos necessários à sua aprendizagem.
Por Suselaine da Fonseca Silva
Professora de Matemática e Robótica do Colégio Batista Mineiro – Uberlândia
Mestre em Tecnologia, Educação e Comunicação e doutoranda em Educação na área de Robótica Educacional aplicada ao ensino de Matemática pela Universidade Federal de Uberlândia