“Não vou tomar banho”. “Não quero arrumar o quarto”. “Não vou fazer a lição da escola”. Os pais de adolescentes, uma hora ou outra, vão passar por uma dessas situações conflitantes. E, ao lidar com situações tensas, saber como se comunicar de maneira mais eficiente pode render uma relação menos turbulenta e proporcionar o crescimento de uma conexão mais forte entre pais e filhos.
A adolescência é uma fase de intensas transformações. Para os filhos, os hormônios estão à flor da pele, as responsabilidades mudam e eles começam a experimentar como é a vida adulta. Para os pais, é um momento de dar espaço para que se fortaleça a autonomia dos filhos. Contudo, é necessário manter a orientação e a supervisão, garantindo que o adolescente cumpra as tarefas e siga as regras.
Para isso, existem maneiras de estabelecer uma relação harmoniosa e eficaz com seu filho, usando a técnica Comunicação Não Violenta (CNV). Esse modelo de comunicação foi desenvolvido pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg com o objetivo diminuir os atritos e estabelecer um laço de conexão entre os interlocutores.
Sendo assim, aprenda a aplicar a CNV com seu filho, a estabelecer a empatia, a detectar as necessidades que estão por trás do que seu filho diz e comunicar também as suas necessidades de maneira eficiente. Assim, os conflitos podem ser trabalhados de maneira mais harmônica.
A Comunicação Não Violenta busca a pacificação entre pais e filhos, já que muitas vezes expressamos o que queremos de forma impositiva e desatenta.
A CNV busca também resgatar valores e a capacidade que o ser humano tem de se expressar com honestidade e empatia. Assim, passamos a ser capazes de dar respostas conscientes que traduzem realmente o que almejamos e sentimos mesmo em condições adversas.
Sendo assim, a Comunicação Não Violenta possui 4 etapas que vão ajudá-lo a comunicar suas necessidades ao seu filho sem que haja conflitos. Vamos lá!
1. Observação: observar e entender o momento sem julgar ou rotular a pessoa ou a situação. Quando agimos assim, damos espaço para compreender de fato a necessidade do outro e o que ele tem a nos dizer sem interferência.
2. Sentimento: identificar quais sentimentos essa situação gera em você. Raiva, irritação, tristeza, animação, angústia e medo podem ser alguns deles.
3. Necessidade: distinguir quais são as suas necessidades que estão por trás desse sentimento. O que você precisa que seja feito pela outra pessoa para que você se sinta melhor.
4. Pedido: comunicar de maneira objetiva e simples o que você precisa que seja feito. Quantas vezes você já pediu para o seu filho atender à sua necessidade e no final não obteve o resultado esperado?
É no dia a dia que você terá a oportunidade de aplicar a Comunicação Não Violenta com seu filho. Para isso, basta ser uma pessoa motivada a praticar a linguagem da compaixão. Sendo assim, seguem alguns exemplos para você entender esse assunto e melhorar a qualidade do relacionamento com seu filho adolescente.
Observe sem julgar
A primeira coisa que você deve fazer é observar a situação. Por exemplo, uma das tarefas do seu filho é lavar a louça do almoço e ele não tem cumprido esse combinado.
Isso causa irritação e raiva, porque você preza pela limpeza e a organização do lar. Como expressar esse sentimento de uma maneira mais assertiva? Veja:
“Filho, as vasilhas precisam ser lavadas. Eu preciso da pia limpa para servir o café da tarde. Isso me incomoda muito, porque acho importante manter a casa limpa e agradável para nós. Você pode, por favor, lavar as vasilhas?”.
Você pode emitir ainda seu desejo para que ele cumpra com o combinado todos os dias, porque a sujeira é maléfica à saúde e a bagunça causa mal-estar para toda a família.
Algumas vezes o adolescente se mostra agressivo verbalmente, não conseguindo expressar suas reais necessidades. Talvez, ele esteja se sentido apenas sufocado pela proteção exacerbada dos pais, buscando um pouco mais de autonomia. Por isso, é importante ouvir com atenção suas queixas e tentar entender os reais sentimentos do seu filho e ajudá-lo no que for possível.
A adolescência é uma fase delicada para toda a família. Por isso, a prática da Comunicação Não Violenta resulta em um diálogo mais aproximativo e eficaz na solução do conflito.
Quando você emite sua necessidade, ele responde: “Que chato, tem horário pra tudo! Você só fica mandando em mim o tempo todo!”. É hora de respirar fundo, manter a calma e a compaixão e tentar entender o que se passa na mente do adolescente.
Enfim, é o momento de praticar a Comunicação Não Violenta. Existe uma maneira efetiva e assertiva de dizer o que realmente queremos. Veja:
“Gostaria que você ficasse mais tempo em casa, porque eu sinto sua falta”. “Gostaria que você deixasse um pouco seu celular e passasse mais tempo conversando com a nossa família”.
E, assim, vocês vão dialogando até encontrar um ponto de acordo. E, a medida em que seu filho for cumprindo os combinados, é possível também negociar uma maior autonomia para que ele se cuide com mais responsabilidade.
Sendo assim, a questão é praticar a Comunicação Não Violenta com tolerância e empatia.
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