Desde os tempos de Noé, passando pela crucificação de Cristo, até a prisão do apóstolo Paulo e de Silas – a exposição “A Sagrada Escritura em telas” é uma verdadeira incursão pela Bíblia. Até o dia 22 de outubro, a mostra poderá ser visitada no foyer do Teatro Maddox das Séries Finais do Colégio Batista Mineiro Unidade Floresta. Todas as telas são resultados do trabalho de ressocialização realizado com os presidiários da Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem.
A exposição é um recorte do trabalho feito por mais de 200 detentos. Além de usar a Bíblia como base, as obras foram inspiradas no livro “História dos hebreus”, do escritor e historiador judeu Flávio Josefo. Conforme Michelli Britto, gerente da Vara de Execuções Criminais (VEC) da Comarca de Contagem, a mostra nasceu por iniciativa do juiz Wagner de Oliveira Cavalieri, também da VEC, e tem a parceria da penitenciária.
Dentre as histórias retratadas nas telas, estão a de Noé no momento em que ele entra para a Arca com sua família e os animais, a de Abrão sobre a grande descendência que teria, a destruição da Torre de Babel, a de Daniel na cova dos leões, a traição de Judas com um beijo em Jesus, a crucificação de Cristo e o aprisionamento de Paulo e Silas.
“Com esse trabalho, buscamos sair do padrão da religião para que a história de Cristo, de Deus fosse contada. O objetivo foi fazer com que eles [os detentos] tivessem as próprias experiências com Deus, que conseguissem vivenciar as histórias que estavam relatando por meio da pintura”, destaca Michelli, que possui formação em Teologia.
Além de permitir novas experiências, o projeto também permitiu que os presidiários aprendessem a arte de pintar e de fazer molduras. A iniciativa dá ainda direito a uma remissão de pena.
Impacto
A exposição foi ainda uma oportunidade de trazer reflexões e, assim, impactar a vida dos visitantes. As turmas do 7º ano, por exemplo, foram convidadas pela professora de Artes, Vanessa Barbosa, a analisar as obras e relacioná-las com a vida dos respectivos autores.
A estudante Maria Eduarda Coimbra conta que a tela sobre a destruição da torre de Babel deve ter ajudado ao autor a entender que atitudes erradas resultam em consequências. “As pessoas que construíram a torre de Babel receberam uma sentença por aquele ato. O mesmo aconteceu na vida de quem reproduziu essa história”, disse. Maria Eunice, por sua vez, avaliou a pintura do momento em que Jesus foi tentando por satanás no deserto. “Entendi que, mesmo passando por desertos, por dificuldades, precisamos resistir a essas situações, assim como Jesus fez”, afirmou a estudante.