Quem disse que ciência é coisa apenas para gente grande?
Em brincadeiras e experiências, escolas da capital mostra aos pequeninos que a ciência faz parte da vida deles
Pensar, experimentar, fazer. Quem disse que ciência é coisa apenas para gente grande? Pois tem muita criança em Belo Horizonte pintando o sete para descobrir um mundo novo. Os porquês, tão comuns nos primeiros anos de vida, ganham respostas em cores e materiais diversos. Até parece mágica. Em brincadeiras e experiências, escolas da capital mostram aos pequeninos que a ciência faz parte da vida deles e está presente em tudo o que fazem. Da clássica germinação do feijão ao nascimento de pintinhos, a meninada aprende, se divertindo.
E tem colégios apostando no tema como parte da grade curricular, caso do Batista Mineiro, na Região Nordeste de BH, cujas professoras de crianças do berçário ao 2º período têm o suporte de uma coordenadora de ciências, responsável por capacitações mensais e por trabalhar nomenclaturas da área. “As crianças pequenininhas vêm com o olhar científico muito importante, porque experimentam tudo. Têm curiosidade nata. Querem aprender, descobrir. E têm interesses bem comuns, os bichinhos que as cercam. No maternal 3, entra o cuidado com ela, com o outro e alimentação. São situações que não percebemos, mas a que eles estão atentos”, afirma a coordenadora pedagógica do ensino infantil, Niliane Maciel.
Projetos que são de interesse das crianças são olhados com cuidado. Colher bananas na horta e acompanhar o
amadurecimento da fruta ou, ainda, visitar o biotério, ver galinha chocar ovo e pintinho nascer são algumas das atividades. “Pode parecer que os pequenos estão sem esse olhar científico, mas somos nós que não o temos. Eles têm vontade de aprender. Por isso, cabe a nós traduzir esse olhar e ir a fundo com eles, considerando a faixa etária e os centros de interesse”, ressalta Niliane.
Coordenadora de ensino do 2º ao 5º anos do fundamental I do Colégio Magnum Cidade Nova, também na Região Nordeste, Joísa de Abreu lembra que ensinar a pensar cientificamente o mundo à nossa volta é ensinar a fazer perguntas. “É importante ensinar a criança a observar fenômenos da natureza, problematizá-los e buscar as respostas, utilizando para isso a metodologia científica. Saber fazer a pergunta certa, levantar hipóteses e, consequentemente, analisar criticamente as informações encontradas são a base do pensamento científico”, diz. Segundo ela, quando essa metodologia é aprendida desde muito cedo, o indivíduo tem a capacidade de compreender, interpretar e formular ideias científicas em vários contextos, inclusive no dia a dia. “O desenvolvimento do pensamento científico desperta o senso crítico e a capacidade de se adaptar às mudanças de um mundo que está sempre evoluindo”, destaca.
Crianças de 4 a 5 anos fazem visitas ao laboratório de ciências como forma de tornar o aprendizado significativo para a prática dos alunos em sala de aula. Aprendem diversas curiosidades sobre os animais, participam de experiências e conhecem um novo ambiente para trabalhar o conhecimento. “Devemos instigar as crianças a fazer perguntas, porque saber ciência não é apenas saber o nome dos seres vivos ou das coisas que compõem o nosso mundo, mas entender como funcionam e como são feitas. Mas, para que elas queiram fazer perguntas, precisamos aguçar a sua curiosidade e despertar nelas o prazer pela descoberta.”
EXPERIÊNCIAS
Na Escola Infantil Galileo Galilei, na Região Centro-Sul, o desafio foi trabalhar luz, cor, sombra e energia, no projeto institucional Experiência Divertida, que mobilizou toda a comunidade escolar no ano passado dentro da física, química e biologia, para ajudar as crianças a entender e vivenciar a pesquisa científica. A cada mês, pais eram convidados para fazer uma experiência na salinha dos filhos, seguindo sugestão das professoras. O projeto, idealizado pelas diretoras Denise Gaia e Vanda Costa, buscou aproximar os pequenos da ciência por meio da experimentação.
“Percebemos as crianças muito mais interessadas, chamadoras, fazendo observações sobre aspectos da natureza e do mundo”, afirma Denise. Segundo ela, é nítido o novo olhar. “Nossa pedagogia trabalha a escuta e o novo olhar. Por ser muito lúdica, a experiência é percebida por elas como mágica. Mas tivemos a preocupação, dentro da idade e do entendimento de cada um, de dar a explicação científica do que ocorria e o porquê.”
A servidora pública Cynthia Guimarães Dias Silva, de 37 anos, participou das atividades na escolinha. Levou uma experiência que fez sucesso no grupo de 18 alunos do então maternal 3, sala da filha Clara, de 5 anos. São três potinhos com água e corante. No meio, água pura. O papel com as cores vão de um lado a outro, caindo no líquido incolor e produzindo a mistura. Foi preciso repouso para a coloração terminar de se firmar. “No dia seguinte, a primeira coisa que as crianças fizeram foi ver como tinha ficado. Acharam que era mágica”, conta. “Foi muito legal estar lá com eles. As experiências devem ser rápidas, pois eles não têm muita paciência, e com resultado imediato, porque são muito curiosos. Foi ótima essa aproximação com a ciência e ver a curiosidade na carinha deles”, disse Cynthia.
Na casa da família o assunto é tão sério que a ciência se torna presente até nas viagens. “Aonde vamos procuramos sempre um museu de ciências e mais interativo, onde elas podem ver, aprender e interagir”, afirma. Clara não tem dúvidas quando questionada sobre do que mais gostou: “De todas as experiências”.
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