Temos lido e ouvido que, na escola do futuro ou na educação do futuro, o estudante será o protagonista do seu aprendizado. Na verdade, não consigo enxergar a escola sem que o estudante realmente seja a peça principal dessa engrenagem e faça parte do processo de construção do conhecimento e do ensino/aprendizado. Mas será que o estudante realmente foi, é ou será protagonista nesse processo? Isso já acontece nas escolas, sejam elas públicas ou privadas? Qual é hoje a participação do estudante nesse processo? Estudante como protagonista significa o “dono” da verdade? Como ficam as normas e regras da escola? Qual o papel do professor nesse processo? Estas questões precisam ser muito bem entendidas para que realmente traga benefícios à aprendizagem do indivíduo.
Antigamente, e ainda hoje, o professor infelizmente era (e é) considerado o detentor de todo o saber e conhecimento dentro da sala de aula. Ele falava e o aluno recebia. A própria palavra “aluno” significa “criança de colo que recebe o alimento, ou aquele que é discipulado pelo mestre”. O aluno quase não pode se expressar, dar sua opinião, colaborar com seu conhecimento prévio e, muitas vezes, nem mesmo falar em sala de aula. O professor chega, fala, lê, registra, dá atividades, corrige e vai embora. Quem consegue acompanhar, ótimo; quem não consegue é porque tem dificuldades e não tem jeito. É a forma mais exclusiva de ensinar.
O protagonismo do estudante faz com ele tenha voz em sala de aula, faz com que possa pesquisar e compartilhar o que pesquisou, deixa que ele contribua com pesquisas e conhecimento prévio sobre um determinado assunto, permite que ele discuta em grupo; isso o leva a entender-se com seus colegas e ganhar na socialização. Também deixa que ele elabore suas emoções e resolva suas questões pessoais, dá espaço para questionamentos e debates, faz com que se torne um indivíduo autônomo, permite que construa a caminhada do conhecimento junto com o professor, estimula sua criatividade e muito mais.
A escola, por sua vez, tem suas normas e regras institucionais que devem ser obedecidas. O protagonismo do estudante não lhe dá o direito de burlar as regras nem valida a indisciplina. Também não tira do professor em sala de aula a liderança, a mediação, a orientação e o planejamento dos processos. O estudante continua tendo de respeitar o professor e prestar obediência a ele.
Ser protagonista é ser o personagem que possui o papel de maior destaque na obra. No caso do estudante, maior destaque na construção do seu conhecimento, no desenvolvimento das suas potencialidades, no seu processo de aprendizado, no desenvolvimento do processo de aprendizado e capacidade de contribuir no grupo com seu conhecimento prévio e suas opiniões. Isso não faz do estudante o “dono” da sala de aula ou da escola, e sim sujeito capaz de fazer parte do processo, respeitando as normas e regras da instituição e do professor que a representa.
Concluo acreditando que o equilíbrio é a chave para tudo. Nem o professor é detentor único do saber, nem o estudante é o indivíduo mais importante em sala de aula e sim protagonista da sua vida acadêmica.
Daniela Zanini
Educadora da Rede Batista de Educação