O tapete indica que é hora de brincar com a mamãe. Izabella Discacciati faz questão de inserir brincadeiras tradicionais na rotina da filha Hadassa, de 2 anos e meio. “Eu incentivo a brincadeira que promove o contato com o real e não com o virtual, porque acredito que isso contribui para que a criança se descubra como ser humano e se desenvolva”, diz Izabella. Sim, além de significar diversão, o brincar é um instrumento de crescimento para a criança, como explica Niliane Maciel, coordenadora pedagógica na unidade Floresta do Colégio Batista Mineiro. “O brincar é essencial para as crianças, pois, por meio da brincadeira, ela interage com o outro, faz comparações, amplia o vocabulário, elabora o mundo que a cerca, aprendendo sobre ele”, afirma Niliane, que é também pedagoga e psicopedagoga.
Por isso, as brincadeiras coletivas são ótimas para fortalecer as relações sociais. “O contato com os pares de idade, a convivência em áreas livres, ambientes coletivos e grupos sociais são fundamentais para que a criança construa habilidades essenciais para o seu desenvolvimento global”, explica Christiane Silva, diretora da unidade Sete Lagoas do Colégio, pedagoga, psicopedagoga e especialista em Neuroeducação.
O elemento “faz de conta” presente nas brincadeiras também contribui para o crescimento pessoal. “Como disse Vygotsky, ‘ao brincar, a criança assume papéis e aceita as regras próprias da brincadeira, executando, imaginariamente, tarefas para as quais ainda não está apta ou não sente como agra-dáveis na realidade’”, ressalta Niliane. Mas será que toda brincadeira é válida? “Como educadora, acredito que o ideal é que a criança tenha contato o mais tarde possível com tecnologias. Hoje em dia, isso se torna um desafio, porque existem muitos conteúdos digitais atrativos para as crianças”, avalia Christiane.
“A brincadeira pode ser uma forma de atividade física quando estimula a mobilidade da criança”, explica Niliane. Por isso, principalmente para os bebês, o brincar favorece o fortalecimento muscular e o equilíbrio, contribuindo para o desenvolvimento motor.
“As ferramentas tecnológicas usadas por essa geração não são tão eficazes quanto a brincadeira no sentido de proporcionar a relação com o outro e o contato físico com outras pessoas”, pontua Niliane.
Especialmente para as crianças menores, o brincar ajuda no desenvolvimento da linguagem, uma vez que estimula a criança a expressar suas emoções e a se comunicar. Ensina a lidar com a frustração.
Nem sempre as crianças vão conseguir completar ou ganhar nas brincadeiras, o que pode gerar frustrações. “E aprender a lidar com a frustração é importante para o crescimento pessoal, já que elas passam a entender que muitas vezes as coisas não saem como o desejado”, lembra Niliane.
Várias brincadeiras instigam a criança a pensar para vencer as etapas. Dessa forma, ela aprende a superar desafios, o que também contribui para o desenvolvimento cognitivo.
Claro, brincadeira também é uma forma de diversão. “Os momentos de descontração são essenciais para se ter uma infância saudável”, afirma Niliane.