Colégio Batista Mineiro relembra sua história por meio das vestimentas usadas por seus alunos.
Mais que uma peça de padronização ou, nos tempos de hoje, de segurança, os uniformes escolares carregam muitas histórias… E elas vão muito além da moda, pois representam estilo de vida, momento político e cultura de um povo. Com 99 anos de fundação completados neste mês e já na contagem regressiva para seu centenário, o Colégio Batista Mineiro tem um pouco de suas histórias transmitidas pelas roupas usadas por seus alunos.
Uma das primeiras instituições a adotar uma vestimenta única para seus frequentadores, os primeiros uniformes, de origem militar, tinham intuito disciplinador. Hoje trata-se de um item de segurança e identificação dos alunos. Segundo levantamentos históricos, os estudantes da Escola Normal, responsável pela formação de professores, foram os primeiros a utilizar uniformes escolares no Brasil.
Por volta da década de 20, escolas mais tradicionais passaram a adotar essa vestimenta para seus alunos. Logo em seus primeiros anos de funcionamento, a partir de março de 1918, o Colégio Batista Mineiro, localizado no bairro Floresta, em Belo Horizonte, já tinha o seu.
De acordo com Juliana Rodrigues, historiadora do Núcleo de Preservação e Memória da instituição de ensino, as cores dos uniformes dos meninos eram diferentes do das meninas. “O primeiro uniforme era composto por saia azul e blusa branca para as meninas, e calça, casaco marrom e blusa branca para os meninos, o que lembrava os uniformes militares. Vale lembrar que não havia tanto rigor no uso do uniforme nos tempos iniciais, até porque havia pouca mão de obra e poucas lojas de tecido que forneciam a matéria prima para confeccioná-los”, destaca ela.
As mudanças pelas quais os uniformes passaram estão atreladas às principais transformações da sociedade. “Entre elas destacam-se a proliferação de fábricas com produção em massa, com a popularização do processo industrial, e a participação da mulher no mercado de trabalho, no pós-guerra, levando a indústria da moda a utilizar tecidos de manutenção mais fácil, que podiam ir à máquina de lavar”, relata a historiadora.
Estilo americano
Fundado pelo casal de missionários batistas americanos Ephigênia e Otis Pendleton Maddox, o Colégio Batista Mineiro usava uniformes com referências da moda americana. Blusas e saias para as meninas e calça social para os meninos sempre marcaram presença na vestimenta estudantil. Sapato social, broches e gravatas também já compuseram os uniformes.
Entre as décadas de 40 e 70, essas peças de roupas eram vistas como um símbolo de aceitação e seleção de classe, uma vez que nem todos podiam estudar. Uma curiosidade que envolveu os uniformes data da década de 50, quando as saias utilizadas pelas meninas eram chamadas de “roupa do crescimento”: as mães deixavam barras largas no avesso, que iam soltando conforme a garota crescia. Isso representava economia, uma vez que elas usavam a mesma peça por muitos anos.
Com a rebeldia dos anos 60 e sofrendo a influência das mudanças culturais deste período, o estilo clássico foi aos poucos deixado de lado, e a moda unissex ganhou espaço. “Nesse período, as mulheres começaram a compor o guarda-roupa com peças tidas como de uso até então exclusivamente masculino. Isso influenciou também os uniformes”, relembra Juliana.
Atualmente, as principais pelas dos uniformes são as calças de tactel, os agasalhos e as camisetas de malhas. “O que vale hoje é o conforto e a praticidade na hora de produzir os uniformes. Os pais desejam peças de fácil manuseio. Para os alunos, o conforto e identidade de grupo é que sobressaem”, completa Juliana.
Para Claudinei Franzini, diretor de Comunicação e Expansão da Rede Batista de Educação, para os alunos o uniforme é muito mais do que uma peça de roupa. “Percebemos como alunos e ex-alunos se orgulham de usar e terem usado nosso uniforme. Isso vai muito da nossa filosofia e forma de trabalho. O primor, o carinho e a qualidade pela qual ensinamos nossos jovens fazem com que o nosso uniforme não seja apenas uma peça de identificação e segurança, mas transmite o sentimento de pertencimento a essa família que se chama Colégio Batista Mineiro”.