Chegamos ao final da série de educação financeira, e o que aprendemos até agora nos mostrou como esse tema é essencial para o desenvolvimento das crianças e adolescentes. Na quarta e última parte da série, vamos abordar o papel da escola no ensino de finanças e como os pais podem complementar esses ensinamentos em casa. Além disso, discutimos recursos valiosos que podem ajudar no processo de aprendizagem e como preparar os adolescentes para a vida adulta, com foco em planejamento financeiro e investimentos.
Mais uma vez, contamos com as reflexões do coordenador de área e professor da trilha formativa em Educação Financeira da Rede Batista de Educação (RBE), Luiz Augusto Azevedo – o Guto –, que traz percepções práticas e aplicáveis para pais e filhos. Se você quer garantir que seu filho esteja preparado para os desafios financeiros da vida adulta, não pode perder esse último capítulo da nossa série.
Continue conosco até o fim dessa caminhada e descubra como as escolas e as famílias, juntas, podem transformar o futuro financeiro das próximas gerações.
RBE – Qual o papel da escola no ensino de finanças, e como os pais podem complementar essa educação em casa?
Guto – O Batista, por meio de práticas e eventos específicos ao longo dos anos escolares, além de oferecer uma trilha formativa para estudantes do Ensino Médio, já inclui o tema em seu currículo. Desse modo, o colégio oferece uma base teórica importante, introduzindo conceitos fundamentais de economia, matemática financeira e gestão de recursos.
Assim, no ambiente escolar, os estudantes têm a oportunidade de aprender sobre orçamentos, juros, investimentos e até mesmo empreendedorismo. Além disso, é importante que a escola promova atividades práticas, como feiras e simulações de mercado, que ajudam a contextualizar o aprendizado.
Contudo, o papel dos pais na educação financeira é insubstituível e complementar ao do colégio. Em casa, os pais podem proporcionar experiências cotidianas que reforçam e solidificam os conceitos aprendidos na escola. Por exemplo:
RBE – Você recomenda algum recurso (livros, aplicativos, jogos) que possa ajudar pais e filhos nesse processo?
Guto – Existem muitos recursos que podem auxiliar pais e filhos no processo de educação financeira. Vou compartilhar algumas recomendações que frequentemente são sugeridas por especialistas em finanças familiares.
É impossível falar em educação financeira sem mencionar um ótimo autor: Gustavo Cerbasi. Um de seus livros é recomendado para pais e tem um título muito interessante: “Pais inteligentes enriquecem seus filhos”. Para as crianças, recomendo, de Reinaldo Domingos, “O menino do dinheiro”, uma série de livros infantis que aborda conceitos financeiros para essa faixa etária. Para adolescentes, o livro “Me poupe!”, da autora Nathalia Arcuri, oferece dicas práticas em linguagem descontraída.
Em relação a outros recursos, para crianças pequenas, nada como o famoso porquinho. Em tempos de dinheiro virtual, ver um cofrinho físico sendo cheio para um objetivo específico é um recurso bem interessante.
Jogos de tabuleiro também podem ser ferramentas poderosas. O clássico “Banco Imobiliário” ensina sobre investimentos e negociações, enquanto o “Cashflow” simula situações financeiras da vida real. Plataformas online como a “Khan Academy” oferecem cursos gratuitos sobre finanças pessoais que pais e filhos podem explorar juntos. O site da B3 (Bolsa de Valores brasileira) também tem conteúdo educativo sobre investimentos voltado para jovens.
É importante lembrar que a eficácia desses recursos depende muito de como são utilizados. O ideal é que pais e filhos explorem juntos, discutindo os conceitos aprendidos e pensando em como aplicá-los na vida real. Além disso, é necessário adaptar a escolha dos recursos à idade e ao nível de compreensão da criança ou adolescente.
Por fim, vale lembrar que o melhor recurso continua sendo o exemplo e o diálogo em família. Envolver as crianças em decisões financeiras do dia a dia, como fazer a lista de compras do supermercado ou planejar as férias, pode ser tão ou mais educativo quanto qualquer livro ou aplicativo.
RBE – Como os pais podem ajudar adolescentes a se prepararem financeiramente para a vida adulta, como o ensino de investimentos e planejamento de longo prazo?
Guto – O diálogo é essencial. Manter diálogos abertos sobre finanças, compartilhando experiências pessoais, é um bom ponto de partida. Incentivar a independência financeira gradual, por meio da gestão de mesadas ou ganhos por trabalhos extras, também é interessante.
É importante ensinar ou dar acesso a conhecimentos a respeito de conceitos básicos de investimentos, como renda fixa, renda variável e a importância da diversificação nos investimentos. O planejamento de longo prazo pode ser abordado na definição de metas futuras que envolvam dinheiro, como o custeio da faculdade ou a compra do primeiro carro.
Educar sobre o uso responsável do crédito e os riscos do endividamento é fundamental, assim como incentivar o empreendedorismo e iniciativas para ganhar dinheiro extra. À medida que se aproximam da maioridade, é interessante que os filhos tenham acesso a ensinamentos sobre impostos e obrigações legais.
Tão importante quanto tudo isso é ensinar o equilíbrio entre gastar, poupar e investir. Assim, promove-se o consumo consciente, o que traz solidez a essa formação.
Evite os erros mais comuns ao ensinar finanças aos seus filhos