Luca Temponi tinha 3 anos quando iniciou os estudos na Escola Batista de Música (EBM). O pai do estudante, o educador físico Paulo Roberto Vieira, decidiu matriculá-lo por entender que as aulas de musicalização poderiam contribuir para o desenvolvimento cognitivo do filho. Ele estava certo. Quase três anos depois, muitos frutos da escolha podem ser vistos na vida da criança: Luca, hoje com 5 anos e meio, não só reconhece todas as letras, como também já lê e escreve.
“Ele consegue ler um livro inteiro. Claro que não podemos dizer que é um resultado exclusivamente obtido pelo aprendizado de música. Mas acredito que os estímulos da música, junto aos estímulos motores que damos, potencializaram o desenvolvimento dele na escola. Tenho convicção em dizer que a musicalização tem contribuído para as sinapses neurológicas, a construção do pensamento a partir do ritmo, a leitura de mundo e a fundamentação de aprendizagem do Luca”, afirma Paulo.
O professor de musicalização da escola de música, Warley Santos, lembra que Luca tem ainda apresentado resultados em relação à criatividade. “Existem momentos na aula que eu apenas estou conduzindo e o próprio Luca está criando as atividades. Isso é um crescimento gigantesco para uma criança de 5 anos”, exemplifica.
Benefícios comprovados
Conforme Warley, a musicalização infantil é uma grande aliada do desenvolvimento das crianças e pode começar já com um bebê. “Além da sensibilidade musical, a musicalização ajuda na questão da sociabilização, da coordenação motora, a aprender a ter disciplina, a ter acuidade auditiva e a trabalhar em grupo, entre outras características necessárias para se viver em sociedade”, destaca.
Handel Cecilio, diretor da Escola Batista de Música e doutor em Musicologia Histórica Documental, explica que os progressos dos estudantes na escola são possíveis uma vez que a música contribui para a concentração e o raciocínio lógico, entre outros aspectos. “O ato de escutar música representa uma função cognitiva complexa do cérebro humano e está provado que induz diversas mudanças psicológicas e neurais. A prática de ouvir uma peça musical faz aumentar a atividade dos genes envolvidos na secreção e transporte de dopaminas, função sináptica, aprendizado e memória”, destaca.
Pesquisas nessa área mostram ainda que, quando uma pessoa escuta uma música, essa atividade desregula em seu organismo os genes associados à neurodegeneração, remetendo a música a uma função neuroprotetiva. “Estudos científicos comprovam, por exemplo, que a música, quando trabalhada na infância, ajuda no desenvolvimento escolar ao diminuir o déficit de atenção. Além disso, a música estimula regiões do cérebro que auxiliam no aprendizado de matérias escolares”, acrescenta o diretor.