Há quatro meses, ele faz parte da equipe da Escola Batista de Esportes e, em sua primeira competição, disse que a prótese que usa em uma das pernas é o seu troféu
O momento aconteceu durante o registro de imagens dos atletas do basquete da Escola Batista de Esportes (EBE) do Colégio Batista Mineiro BH – Floresta/Séries Iniciais depois da participação da equipe no Festival de Minibasquete ocorrido no Minas Tênis Clube. Neste evento são realizados muitos jogos e, no final, todos os participantes são premiados.
Ao participar, Pedro se sentiu parte da equipe, pois não precisou tirar a prótese, como acontecia em outros esportes que praticava.
“Sem a prótese, não andaria e não jogaria. O basquete é um esporte em que posso ser eu mesmo. Sem precisar tirar a prótese, jogo igual aos meus colegas. Por isso, a retirei e com gratidão a levantei e disse que ela é o meu troféu”, afirma.
Um ano antes
Este entusiasmo pelo esporte tinha desaparecido em Pedro, como conta sua mãe, Milena Delcin.
“O ano passado foi desafiador para o meu filho, pois ele estava desanimado e questionando a sua condição física, além de ter que tirar a prótese para treinar Jiu-jitsu (seu primeiro esporte). O médico que o acompanha orientou a buscarmos modalidades esportivas em que Pedro não precisaria tirar a prótese”, disse.
Este ano
Ao começar mais um ano no Colégio Batista Mineiro BH – Floresta/Séries Iniciais, em 2024, Pedro chegou em casa e avisou: “Mãe, quero jogar basquete no Batista. Vou ser atleta do Colégio”. O estudante soube da abertura de inscrições para as seletivas do basquete e sabia que poderia jogar com a prótese.
No dia seguinte, foi feita a inscrição. Ele foi selecionado e há quatro meses joga pela Escola Batista de Esportes.
“Soube da abertura da seletiva para o basquete, avisei a minha mãe que queria ser um atleta do Colégio, ela fez a inscrição, fui chamado e agora treino para ser um grande jogador de basquete e, quem sabe, jogar na NBA”, conta Pedro.
E é assim, como um grande jogador do basquete, que Pedrão, como é chamado por seu treinador e companheiros de equipe, em tão pouco tempo já se tornou referência por sua determinação, garra, resiliência e evolução de suas jogadas.
O treinador das equipes do basquete na Escola Batista de Esportes, Rainer Neves, conta:
“Chamo ele de Pedrão. Nunca vi força igual em um menino de 10 anos. Chegou tímido, mas determinado. Pouco a pouco, conquistou seu lugar em busca do seu melhor jogo e do que podia fazer para e pelos seus colegas, (e assim) se tornava conhecido e mostrava liderança nos treinos”.
Em um mês de treino, as qualidades que Pedro mostrava fizeram com que o treinador conversasse com a mãe do garoto para saber se poderia colocá-lo em competições. “Ela respondeu que o que ele mais queria era participar de competição e autorizou”.
Ainda de acordo com Rainer, o que se viu foi um guerreiro em quadra. “Um ‘monstro’, uma gíria usada no basquete que significa ‘gigante, de tão bom que ele é’. Os seus colegas de equipe presenciaram uma força que muitas vezes não é vista em meninos de 10 anos”, disse.
Pedro tem 10 anos e está no 5º ano do Colégio Batista Mineiro BH – Floresta/Séries Iniciais. Apesar da pouca idade, sempre foi apaixonado por esporte, tanto que aos 4 anos já praticava o jiu-jítsu. Mas, por causa de uma má formação congênita, teve de amputar uma das pernas e começou a usar prótese.
A importância do esporte para a inclusão e na educação
O Colégio Batista Mineiro sabe como a prática do esporte é importante para a saúde física e mental e como supera obstáculos.
“O esporte ajuda na inclusão das pessoas com deficiência e no desenvolvimento pessoal. Faz com que o indivíduo acredite em si, além de desenvolver a autonomia e confiança”, afirma o treinador Rainer.
Já o basquete é vantajoso para quem utiliza prótese pois, como dito, os jogadores podem praticar sem ter que tirá-las, o que supera muitas dificuldades e gera conquistas, “como promover a convivência em grupo, o crescimento pessoal, o aprimoramento da disciplina e o respeito ao próximo, entre diversos outros aspectos”, completa o treinador.