Mirando o futuro, em 1970 Aggêo Pio Sobrinho doou à Associação de Educação Internacional uma área com 9,7 mil m2. No terreno havia matas, montanhas, animais silvestres e ar puro, lugar perfeito para a construção de uma escola, na visão do fundador do bairro Buritis. Pouco tempo depois, a Escola Americana de Belo Horizonte (EAB) se transferia para o novo endereço. De lá para cá, muita coisa mudou no Buritis, que começava a ter seus primeiros empreendimentos. A fazenda se transformou em uma região urbanizada e, mais que isso, em um polo da educação, abrigando diversas escolas, do berçário ao ensino superior.
Quase cinco décadas depois, enquanto percorre o caminho entre seu escritório e a biblioteca, a diretora Catarina Chen fala do espaço privilegiado ocupado pela Escola Americana. “Aqui é bem amplo e tem muito verde.” Ela cumprimenta crianças que surgem em seu caminho e, mesmo com o crescimento exponencial da escola – que triplicou o número de estudantes desde 2008 –, ao abraçar os meninos Catarina os chama pelo nome. “Somos a única escola internacional acreditada no estado, o que ajuda a atrair para Belo Horizonte companhias multinacionais”, diz. Hoje, a maioria dos alunos que frequenta a escola é formada por brasileiros, perfil que pode mudar com o reaquecimento da economia e a chegada de mais executivos à cidade. Com a bandeira do ensino internacional, a EAB tem duplo diploma, preparando alunos “tanto para as universidades americanas quanto para as brasileiras”, como reforça Catarina. Segundo ela, como pioneira no bairro, a instituição tem um relacionamento bem próximo com a comunidade. Os alunos promovem trabalho voluntário para angariar recursos e apoiar projetos locais. A escola também mantém como sua política de diversidade bolsas de estudos, contemplando talentos intelectuais, nos esportes e nas artes.
Mãe de Antônio, de 11 anos, Francisco, de 9, e Helena, de 6, Brígida Pessoa comemora a chegada do Batista: “Escolhi a escola porque, além da qualidade, queria para meus filhos uma educação que não fosse diferente da que ensinamos em casa” (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
A maioria dos alunos da EAB vêm de bairros do entorno e do próprio Buritis, como é o caso das meninas Isabela, de 7 anos, e Marcela, de 4. Filhas do casal de empresários Cláudia Renata Magalhães e Marcelo Magalhães, elas estudam na escola desde os 3 anos de idade. No início, o casal optou pela educação internacional atraídos pela fluência na segunda língua. “Estamos na EAB há quatro anos e, apesar de o inglês ser, sim, um diferencial, o que mais me chama atenção é o projeto pedagógico e a forma de ensinar”, diz Renata. “A escola desperta na criança a curiosidade, o gosto por aprender. Também há um envolvimento muito grande da família e um intercâmbio cultural com as crianças estrangeiras.” Atraídos pela educação, o casal fez o caminho previsto por Aggêo Pio e acabou se mudou para o Buritis. “Moramos a 900 metros da escola. É impressionante como a parte nova do bairro se desenvolveu rápido”, afirma Marcelo.
O Colégio Batista Mineiro, que acaba de completar 100 anos, escolheu o Buritis para fazer sua primeira expansão em Belo Horizonte. “Chegamos ao bairro para responder a uma demanda das famílias. Muitos pais atravessavam a cidade para levar os filhos até nossa unidade na região Leste”, lembra a diretora Sandra Beconha. O Colégio Batista chegou ao Buritis em 2012, com 15 alunos. Hoje, são mais de 700 estudantes nas duas unidades Buritis. A pedagogia que une conteúdo aos valores humanos motivou a escolha de Brígida Pessoa. Mãe de Antônio, de 11 anos, Francisco, de 9, e Helena, de 6, ela mora no bairro e queria encontrar na própria região a escola dos filhos. “Foi excelente a vinda do Colégio Batista para cá. Escolhi a escola porque, além da qualidade, queria para meus filhos uma educação que não fosse diferente da que ensinamos em casa.” A escolha perto de casa agradou às crianças. “O que mais gosto na minha escola são dos professores e dos colegas, depois das aulas de geografia e matemática”, diz Antônio.
Catarina Song Chen, diretora da Escola Americana, primeira a chegar ao bairro: “Como escola internacional, preparamos estudantes tanto para as universidades americanas quanto para as brasileiras” (foto: Ronaldo Dolabella/Encontro)
Quando pensou em fomentar o crescimento do bairro por meio da educação, Aggêo Pio pode não ter imaginado que o Buritis se tornaria tão atrativo. O UniBH, centro universitário, chamou para o bairro estudantes de diversas regiões da cidade. A escola fundada em 1964 chegou à região em 1999 e já se tornou a maior unidade do centro universitário, que mantém também dois outros blocos na avenida Cristiano Machado e um bloco no bairro de Lourdes. No Buritis são 41 cursos de graduação e 30 de pós-graduação. “Desde o início os nossos estudantes já colocam a mão na massa. Temos inúmeros serviços abertos à comunidade, de palestras e cursos de ginástica a ambulatórios de estética e saúde”, diz a diretora do campus, Cinthia Tamara. A proposta da escola, que caminha para se tornar uma universidade, é ser um campus aberto. O Buritis cresceu com vários setores impulsionados pela universidade, do transporte ao segmento imobiliário. Segundo Cinthia Tamara, a escola trabalha as competências técnicas, mas também as habilidades socioemocionais de seus alunos. O contato com a comunidade e a prestação de serviços contribui com as duas formações.
Dos pequeninos aos jovens adultos, o Buritis abriga escolas de todos os portes. Uma das pioneiras na educação infantil, a Bilboquê chegou ao bairro em 1994 para atender a demanda de famílias que se mudavam ou trabalhavam na região. A escola funcionou por 10 anos em uma chácara de 1 mil m2 para depois se mudar para a rua Desembargador Almicar de Castro, onde atende crianças do berçário ao segundo ano do ensino fundamental, em meio período e horário integral. Colorida e lúdica, com ambientes que garantem a segurança da criança e ensino da língua inglesa a partir dos 3 anos de idade, a Bilboquê tem também espaços interativos de aprendizagem. “Somos uma das primeiras escolas exclusivamente dedicada à educação infantil a chegar ao Buritis”, diz Maria Claret Lamounier Elias, diretora pedagógica e fundadora da instituição. Ela conta que os pequeninos desenvolvem diversos projetos no bairro, visitam as praças, participam da plantação de canteiros e fazem reciclagem do lixo. “Também temos ações sociais, envolvendo a doação de itens como brinquedos e livros para creches.” Com tantas opções, escolher o colégio dos filhos pode ser um desafio. Sandra Beconha, diretora do Colégio Batista Buritis, sugere um caminho que pode ajudar: “Na escola devemos nos sentir em paz”.