Como você aprendeu o som das letras? Um dos princípios mais importantes para o aprendizado alfabético é entender a sonoridade de cada letra. Diferentemente de outros países, a língua brasileira conta com múltiplos fonemas para uma mesma fonte, tornando essencial para os estudantes a compreensão dessas variantes. Para distinguir os sons da fala, a professora do 1º ano das Séries Iniciais, Rachel Ferraz, do Colégio Batista Brasil – Unidade São Paulo, transformou a aprendizagem desse tema em um momento divertido e multissensorial.
Os estudantes começaram a estudar o som da letra “L” com um delicioso suco de limão: eles espremeram a fruta e viram o suco aparecendo. Segundo Rachel, antes de passar às consoantes, existe um processo de trabalho sistemático com as vogais. “Primeiro busco o repertório já aprendido para ativar a memória de letras e sons alfabéticos, consideradas abertas, pois tem seu som com maior facilidade de pronunciar”, explica.
O trabalho minucioso envolve também as aliterações — uma repetição de fonemas consonantais, como, por exemplo, ´O rato roeu a roupa do rei de Roma´. Dessa forma, Raquel usa a figura de linguagem em palavras, canções, rimas e poesias como reforço para inserir as consoantes. “Para apresentar letra por letra, posso tirar de livros de histórias, situações ou receitas… muitas vezes, uma nova letra é contextualizada aleatoriamente em roda de conversa, assim aproveito de forma proposital um assunto para introduzir uma nova família. Como fiz com o suco de limão… E com a letra ´P´, de pedras, que estamos colecionando – já temos 113”, diz.
Durante a atividade, os estudantes fizeram a lista dos ingredientes do suco, pensaram na escrita da palavra limão e relembraram o repertório da canção do alfabeto que ouvem. “Para iniciar esse princípio alfabético, realizamos a intervenção mostrando o som da letra L; faço o som, mostro a figura que tenho com os quatro tipos de letras e implemento o movimento na lousa enquanto falo”, acrescenta Rachel. A professora ainda enviou um vídeo para a Comunicação do Colégio Batista mostrando o relato das crianças sobre a aula prática. Além de elogiar a limonada, os estudantes utilizaram a mão para exibir a letra “L” e recitaram a receita completa.
As crianças praticam a letra na lousa e assim também começam a introdução da família silábica. Para a professora, a pandemia comprometeu muito o tempo da escrita e registro em caderno, já que alguns têm mais dificuldade na parte motora. “Esse processo é longo e depende de inúmeros fatores, desde estímulos familiares, como a literacia emergente, em que a criança inicia seu primeiro contato com a leitura abrindo caminho para a compreensão da forma com que as palavras são formadas por diversos sons. Ler na escola, ler em casa, estimula o repertório de vocabulário do pequeno e abre o olhar dos estudantes para que o desconhecido seja apenas desvendado, e assim ela fará conexões entre a língua escrita e falada”, conta.